terça-feira, 8 de junho de 2010

Caio Fernando de Abreu em Laysa...

"Não conseguia compreender como conseguira penetrar naquilo sem ter
consciência e sem o menor policiamento: logo eu, que confiava nos meus
processos, e que dizia sempre saber de tudo quanto fazia ou dizia. A
vida era lenta e eu podia comandá-la. Essa crença fácil tinha me
alimentado até o momento em que, deitado ali, no meio da manhã sem
sol, olhos fixos no teto claro, suportava um cigarro na mão direita e
uma ausência na mão esquerda. Seria sem sentido chorar, então chorei
enquanto a chuva caía porque estava tão sozinho que o melhor a ser
feito era qualquer coisa sem sentido. Durante algum tempo fiz coisas
antigas como chorar e sentir saudade da maneira mais humana possível:
fiz coisas antigas e humanas como se elas me solucionassem. Não
solucionaram."

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