sábado, 19 de junho de 2010

E louvemos a dança...

Propagandas à parte, linda demais essa "oração à dança"
Coloquemos em prática, sempre...
GENTE, É SÓ CLICAR DUAS VEZES EM CIMA DA IMAGEM QUE ELA AUMENTA E DÁ PRA LER...Teve gente que me falou que não coseguiu ler, por isso essa observação...




Para Aline, com quem já viví bons momentos dançando...

sábado, 12 de junho de 2010

Até nos comentários dos fragmentos, encontro estes, e bem notáveis aos meus olhos, lindo!... Este de uma especial Clarice, que está sempre por aqui...

"Momento e tempo....inverso proporcional?
O tempo é uma preparação e o momento é uma absorção...Inverso proporcional?
Ou seria tudo igual?
Agora eu busco o tempo. Mas, tem como alcançá-lo?
Preferiria não ter o momento...Mas, tem como evitá-lo?"

Clarice Castanheira

Pra descontrair, nas palavras de Clarice, agora a irmã, "é quase uma gozação...mas, vi isso no facebook e achei tão propício..." realmente..

"O amor não faz o coração bater mais rápido.
O nome disso é arritmia.
O amor é outra coisa."

Layá e seu momento 'Caio Fernado de Abreu'...

"Quis precisar, sem exigências. E sem solicitações, aceitar o que me era dado. Sem ir além, compreende? Não queria pedir mais do que você tinha, assim como eu não daria mais do que dispunha, por limitação humana. Mas o que tinha, era seu. "

"Encarnações involuntárias"...um conto por inteiro de Clarice Lispector..não conseguí escolher apenas um fragmento deste..

" Às vezes, quando vejo uma pessoa que nunca ví, e tenho algum tempo para observá-la, eu me encarno nela e assim dou um grande passo para conhecê-la. E essa intrusão numa pessoa, qualquer que seja ela, nunca termina pela sua própria auto-acusação: ao nela me encarnar, compreendo-lhe os motivos e perdôo. Preciso é prestar atenção para não me encarnar numa vida perigosa e atraente, e que por isso mesmo eu não queira o retorno a mim mesmo.
Um dia, no avião...ah, meu Deus- implorei- isso não, não quero ser essa missionária!
Mas era inútil. Eu sabia que, por causa de três horas de sua presença, eu por vários dias seria missionária. A magreza e delixadeza extremamente polida de missionária já me haviam tomado. É com curiosidade, algum deslumbramento e cansaço prévio que sucumbo À vida que vou experimentar por uns dias viver. E com alguma apreensão, do ponto-de-vista prático: ando agora muito ocupada demais com os meus deveres e prazeres para poder arcar com o peso dessa vida que não conheço- mas cuja tensão evangelical já começo a sentir. No avião mesmo percebo que já comecei a andar com esse passo de santa leiga: então compreendo como a missionária é paciente, como se apaga com esse passo que mal quer tocar no chão, como se pisar mais forte viesse prejudicar os outros. Agora sou pálida, sem nenhuma pintura nos lábios, tenho o rosto fino e uso aquela espécie de chapéu de missionária.
Quando eu saltar em terra provavelmente já terei esse ar de sofrimento-superado-pela-paz-de-ter-uma-missão. E no meu rosto estará impressa a doçura da esperança moral. Porque sobretudo me tornei toda moral. No entanto quando entrei no avião estava tão sabiamente amoral. Estava, não, estou! Grito-me eu em revolta contra os preconceitos da missionária. Inútil: toda a minha força está sendo usada para eu conseguir ser frágil. Finjo ler uma revista, enquanto ela lê a bíblia.
Vamos ter uma descida curta em terra. O aeromoço distribui chicletes. E ela cora mal o rapaz se aproxima.
Em terra sou uma missionária ao vento do aeroporto, seguro minhas imaginárias saias longas e cinzentas contra o despudor do vento. Entendo, entendo. Entendo-a, ah, como a entendo e ao seu pudor de existir quando está fora das horas em que cumpre sua missão. Acuso, como a missionariazinha, as saias curtas das mulheres, tentação para os homens. E quando não entendo, é com o mesmo fanatismo depurado dessa mulher pálida que facilmente cora à aproximação do rapaz que nos avisa que devemos prosseguir viagem.
Já sei que só daí a dias conseguirei recomeçar enfim integralmente a minha própria vida. Que, quem sabe, talvez nunca tenha sido própria, senão no momento de nascer, e o resto tenha sido própria, senão no momento de nascer, e o resto tenha sido encarnações. Mas não: eu sou uma pessoa. E quando o fantasma de mim mesma me toma- então é um tal encontro de alegria, uma tal festa, que a modo de dizer choramos uma no ombro da outra. Depois enxugamos as lágrimas felizes, meu fantasma se incorpora plenamente em mim, e saímos com alguma altivez por esse mundo afora.
Uma vez, também em viagem, encontrei uma prostituta perfumadíssima que fumava entrefechando os olhos e estes ao mesmo tempo olhavam fixamente um homem que já estava sendo hipnotizado. Passei imediatamente, para melhor compreender, a fumar de olhos entrefechados para o único homem ao alcance de minha visão intencionada. Mas o homem gordo que eu olhava para experimentar e ter a alma da prostituta, o gordo estava mergulhado no New York Times. E meu perfume era discreto demais. Falhou tudo."



Me ví em Clarice nesse conto...não com a intensidade característica de 'Clarices', mas com a curiosidade de conhecer histórias, vidas... e quis compartilhá-lo por inteiro...e não fragmentado...este não!! bom divertir-se com ele até o fim...

Clarice Lispector e sua "predileção" por falar de galinhas e amor...

" A menina ainda não tinha entendido que os homens não podem ser curados de serem homens e as galinhas de serem galinhas: tanto o homem como a galinha têm misérias e grandeza (a da galinha é a de pôr um ovo branco de forma perfeita) inerentes à própria espécie."

Clarice Lispector- "Uma história de tanto amor"

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Do amor...

"Não falo do AMOR romântico, aquelas paixões meladas de tristeza e sofrimento. Relações de dependência e submissão, paixões tristes. Algumas pessoas confundem isso com AMOR. Chamam de AMOR esse querer escravo, e pensam que o AMOR é alguma coisa que pode ser definida, explicada, entendida, julgada. Pensam que o AMOR já estava pronto, formatado, inteiro, antes de ser experimentado. Mas é exatamente o oposto, para mim, que o amor manifesta. A virtude do AMOR é sua capacidade potencial de ser construído, inventado e modificado. O AMOR está em movimento eterno, em velocidade infinita. O AMOR é um móbile. Como fotografá-lo? Como percebê-lo? Como se deixar sê-lo? E como impedir que a imagem sedentária e cansada do AMOR nos domine?
Minha resposta? O AMOR é o desconhecido.
Mesmo depois de uma vida inteira de amores, o AMOR será sempre o desconhecido, a força luminosa que ao mesmo tempo cega e nos dá uma nova visão. A imagem que eu tenho do AMOR é a de um ser em mutação. O AMOR quer ser interferido, quer ser violado, quer ser transformado a cada instante.
A vida do AMOR depende dessa interferência. A morte do AMOR é quando, diante do seu labirinto, decidimos caminhar pela estrada reta. Ele nos oferece seus oceanos de mares revoltos e profundos, e nós preferimos o leito de um rio, com início, meio e fim. Não, não podemos subestimar o AMOR não podemos castrá-lo.
O AMOR não é orgânico. Não é meu coração que sente o AMOR. É a minha alma que o saboreia. Não é no meu sangue que ele ferve. O AMOR faz sua fogueira dionisíaca no meu espírito. Sua força se mistura com a minha e nossas pequenas fagulhas ecoam pelo céu como se fossem novas estrelas recém-nascidas. O AMOR brilha. Como uma aurora colorida e misteriosa, como um crepúsculo inundado de beleza e despedida, o AMOR grita seu silêncio e nos dá sua música. Nós dançamos sua felicidade em delírio porque somos o alimento preferido do AMOR, se estivermos também a devorá-lo.
O AMOR, eu não conheço. E é exatamente por isso que o desejo e me jogo do seu abismo, me aventurando ao seu encontro. A vida só existe quando o AMOR a navega. Morrer de AMOR é a substância de que a Vida é feita. Ou melhor, só se Vive no AMOR. E a língua do AMOR é a língua que eu falo e escuto." Paulinho Moska

Para Clarice e seu momento...

terça-feira, 8 de junho de 2010

Caio Fernando de Abreu em Laysa...

"Não conseguia compreender como conseguira penetrar naquilo sem ter
consciência e sem o menor policiamento: logo eu, que confiava nos meus
processos, e que dizia sempre saber de tudo quanto fazia ou dizia. A
vida era lenta e eu podia comandá-la. Essa crença fácil tinha me
alimentado até o momento em que, deitado ali, no meio da manhã sem
sol, olhos fixos no teto claro, suportava um cigarro na mão direita e
uma ausência na mão esquerda. Seria sem sentido chorar, então chorei
enquanto a chuva caía porque estava tão sozinho que o melhor a ser
feito era qualquer coisa sem sentido. Durante algum tempo fiz coisas
antigas como chorar e sentir saudade da maneira mais humana possível:
fiz coisas antigas e humanas como se elas me solucionassem. Não
solucionaram."