Fragmentos, estrofes, rimas, músicas, literatura, poesia notáveis aos meus olhos e de outros...
terça-feira, 11 de dezembro de 2012
quinta-feira, 6 de dezembro de 2012
Nando Reis pra Martinália... Zero Muito
Você não precisa achar que me fere, corresponder
Nunca pedi isso eu nunca esperei
Doce a dor essa vida, grande mistério pra resolver
Sonho é dom
É a vista que os olhos cegos conseguem ver
Fazer do zero, muito
Luz no céu escuro
Fruto sem pé, maduro
Pra gente comer
Você não devia achar que me deve, obedecer
Não sou juiz não existe essa lei
É muito mais simples nada tão sério
Mas o que eu vou fazer?
Você não curte, o que eu curto
O mesmo sexo, outro prazer
Um zero a zero, nulo
Não dá pé, nem futuro
Templo sem fé, um muro pra se esconder
Mas acontece que o amor
Não tem razão sua raiz
É uma nação sem ser lugar
Não tem noção: o que ele diz?
Não há balcão pra se comprar
Se começou, quem quer o fim?
A sua cor tem o luar
Que o por-do-sol deixou luzir
A imensidão que tem o mar
A explosão de um céu azul
A dimensão solta do ar
A invenção que existe em mim
Que é você
Nunca pedi isso eu nunca esperei
Doce a dor essa vida, grande mistério pra resolver
Sonho é dom
É a vista que os olhos cegos conseguem ver
Fazer do zero, muito
Luz no céu escuro
Fruto sem pé, maduro
Pra gente comer
Você não devia achar que me deve, obedecer
Não sou juiz não existe essa lei
É muito mais simples nada tão sério
Mas o que eu vou fazer?
Você não curte, o que eu curto
O mesmo sexo, outro prazer
Um zero a zero, nulo
Não dá pé, nem futuro
Templo sem fé, um muro pra se esconder
Mas acontece que o amor
Não tem razão sua raiz
É uma nação sem ser lugar
Não tem noção: o que ele diz?
Não há balcão pra se comprar
Se começou, quem quer o fim?
A sua cor tem o luar
Que o por-do-sol deixou luzir
A imensidão que tem o mar
A explosão de um céu azul
A dimensão solta do ar
A invenção que existe em mim
Que é você
quinta-feira, 15 de novembro de 2012
"Eu pensei correr de mim
Mas aonde eu ia eu tava
Quanto mais eu corria
Mais pra perto eu chegava
Quando o calcanhar chegava
O dedão do pé já tinha ido
Escondendo eu me achava
E me achava escondido
Só sei que quando penso que sei
Já não sei quem sou
Já enjoei de me achar no lugar
Que aonde eu vou eu tô
Eu pensei correr de mim...
Tô pensando tirar férias de mim
Mas eu também quero ir
Só vou se minha sombra não for
Se ela for eu fico aqui
Um dia desses sonhando
Eu pensei: não vou me acordar
Vou me deixar dormindo
E levanto pra comemorá
Eu pensei correr de mim...
O espelho me disse
Só tem um jeito pro assunto
Não adianta querer morrer
Porque se morrer vai junto
Se correr o bicho pega
Mas se limpar o bicho some
Tem que desembaraçar
O novelo da vida do homem"
Juraildes da Cruz
Mas aonde eu ia eu tava
Quanto mais eu corria
Mais pra perto eu chegava
Quando o calcanhar chegava
O dedão do pé já tinha ido
Escondendo eu me achava
E me achava escondido
Só sei que quando penso que sei
Já não sei quem sou
Já enjoei de me achar no lugar
Que aonde eu vou eu tô
Eu pensei correr de mim...
Tô pensando tirar férias de mim
Mas eu também quero ir
Só vou se minha sombra não for
Se ela for eu fico aqui
Um dia desses sonhando
Eu pensei: não vou me acordar
Vou me deixar dormindo
E levanto pra comemorá
Eu pensei correr de mim...
O espelho me disse
Só tem um jeito pro assunto
Não adianta querer morrer
Porque se morrer vai junto
Se correr o bicho pega
Mas se limpar o bicho some
Tem que desembaraçar
O novelo da vida do homem"
Juraildes da Cruz
terça-feira, 16 de outubro de 2012
sexta-feira, 5 de outubro de 2012
Sou dessas que tem binóculos...
Acompanhe o pássaro
Mas não atrapalhe o vôo
Não tente olhar com as mãos
Estar perto requer outros dons
De todas as coisas, eu espero que você permaneça
De todas as coisas, eu espero que você permaneça
Em mim
Passarinho quis voar
E voou
Passarinho quis voar
E realmente voou
Eu não atrapalho não
Sou dessas que tem binóculos
Eu não atrapalho nunca
Eu tenho um coração de espuma
De todas as coisas, eu espero que você permaneça
De todas as coisas, eu espero que você permaneça
Em mim
De todas as cores, eu espero que você azuleje
De todas as noites, eu espero que você amanheça
No fim
Letuce
Binóculos
para Fabio
quinta-feira, 27 de setembro de 2012
Karina Buhr está em mim desde que vi o filme "Era uma vez eu, Verônica"...
Mira Ira
Tá tudo padronizado
No nosso coração
Nosso jeito de amar
Pelo jeito não é nosso não
Tá tudo padronizado
Me mira ira
Me mira mas me erra
Mas minha mira me era confusa
Mudando meu amor de endereço
Fria
Não mira ira
Não miro mas te acerto no peito
Quando mudo meu amor de endereço
Me mira ira
Me mira mas me erra no escuro
Sentindo teu amor profundamente
Karina Buhr
segunda-feira, 24 de setembro de 2012
segunda-feira, 17 de setembro de 2012
Recordo aqui, com carinho, a querida Poli, que se recordou ao mandar esse fragmento...
"Recordar: do latim re-cordis, tornar a passar pelo coração."
Eduardo Galeano- O LIVRO DOS ABRAÇOS:
Eduardo Galeano- O LIVRO DOS ABRAÇOS:
domingo, 2 de setembro de 2012
Corte Seco...
O que muda quando algo muda?
Corte seco é sobre os cortes que podem mudar tudo. Acasos. Perdas. Encontros. Desencontros. Acidentes. Repetições. Pessoas que passam. Passagens. Ruas e avenidas. Vigilância. Fragmentos da vida? Janelas. Muitas janelas. O que tem por trás? O que tem por trás do que não vemos? Nós, voyeres de nós mesmos. Teatro. Essa pequena sociedade que se forma a cada dia. Atores e personagens. o que tem por trás do que não vemos? A estrutura aparente. Transparente. Visível. O jogo mostrado, vivido, ao vivo. O corte em cena, como na vida, será inesperado. Como na vida, o teatro um jogo sem rede. Risco. Risco. Risco no chão. Corta. Corte seco, ainda sangra? Sangra. Mas traz o novo. De novo. O novo. Sem medo. E fim.
Christiane Jatahy
diretora do espetáculo Corte Seco, sobre.
Corte seco é sobre os cortes que podem mudar tudo. Acasos. Perdas. Encontros. Desencontros. Acidentes. Repetições. Pessoas que passam. Passagens. Ruas e avenidas. Vigilância. Fragmentos da vida? Janelas. Muitas janelas. O que tem por trás? O que tem por trás do que não vemos? Nós, voyeres de nós mesmos. Teatro. Essa pequena sociedade que se forma a cada dia. Atores e personagens. o que tem por trás do que não vemos? A estrutura aparente. Transparente. Visível. O jogo mostrado, vivido, ao vivo. O corte em cena, como na vida, será inesperado. Como na vida, o teatro um jogo sem rede. Risco. Risco. Risco no chão. Corta. Corte seco, ainda sangra? Sangra. Mas traz o novo. De novo. O novo. Sem medo. E fim.
Christiane Jatahy
diretora do espetáculo Corte Seco, sobre.
por Mia Couto...escrever é viver...e caderninhos e blog's, na atualidade, são como pedaço de vida...
O menino que escrevia versos
De que vale ter voz
se só quando não falo é que me entendem?
De que vale acordar
se o que vivo é menos do que o que sonhei?
(VERSOS DO MENINO QUE FAZIA VERSOS)
— Ele escreve versos!
Apontou o filho, como se entregasse criminoso na esquadra. O médico levantou os olhos, por cima das lentes, com o esforço de alpinista em topo de montanha.
— Há antecedentes na família?
— Desculpe doutor?
O médico destrocou-se em tintins. Dona Serafina respondeu que não. O pai da criança, mecânico de nascença e preguiçoso por destino, nunca espreitara uma página. Lia motores, interpretava chaparias. Tratava bem, nunca lhe batera, mas a doçura mais requintada que conseguira tinha sido em noite de núpcias:
— Serafina, você hoje cheira a óleo Castrol.
Ela hoje até se comove com a comparação: perfume de igual qualidade qual outra mulher ousa sequer sonhar? Pobres que fossem esses dias, para ela, tinham sido lua-de-mel. Para ele, não fora senão período de rodagem. O filho fora confeccionado nesses namoros de unha suja, restos de combustível manchando o lençol. E oleosas confissões de amor.
Tudo corria sem mais, a oficina mal dava para o pão e para a escola do miúdo. Mas eis que começaram a aparecer, pelos recantos da casa, papéis rabiscados com versos. O filho confessou, sem pestanejo, a autoria do feito.
— São meus versos, sim.
O pai logo sentenciara: havia que tirar o miúdo da escola. Aquilo era coisa de estudos a mais, perigosos contágios, más companhias. Pois o rapaz, em vez de se lançar no esfrega-refrega com as meninas, se acabrunhava nas penumbras e, pior ainda, escrevia versos. O que se passava: mariquice intelectual? Ou carburador entupido, avarias dessas que a vida do homem se queda em ponto morto?
Dona Serafina defendeu o filho e os estudos. O pai, conformado, exigiu: então, ele que fosse examinado.
— O médico que faça revisão geral, parte mecânica, parte eléctrica.
Queria tudo. Que se afinasse o sangue, calibrasse os pulmões e, sobretudo, lhe espreitassem o nível do óleo na figadeira. Houvesse que pagar por sobressalentes, não importava. O que urgia era pôr cobro àquela vergonha familiar.
Olhos baixos, o médico escutou tudo, sem deixar de escrevinhar num papel. Aviava já a receita para poupança de tempo. Com enfado, o clínico se dirigiu ao menino:
— Dói-te alguma coisa?
—Dói-me a vida, doutor.
O doutor suspendeu a escrita. A resposta, sem dúvida, o surpreendera. Já Dona Serafina aproveitava o momento: Está a ver, doutor? Está ver? O médico voltou a erguer os olhos e a enfrentar o miúdo:
— E o que fazes quando te assaltam essas dores?
— O que melhor sei fazer, excelência.
— E o que é?
— É sonhar.
Serafina voltou à carga e desferiu uma chapada na nuca do filho. Não lembrava o que o pai lhe dissera sobre os sonhos? Que fosse sonhar longe! Mas o filho reagiu: longe, porquê? Perto, o sonho aleijaria alguém? O pai teria, sim, receio de sonho. E riu-se, acarinhando o braço da mãe.
O médico estranhou o miúdo. Custava a crer, visto a idade. Mas o moço, voz tímida, foi-se anunciando. Que ele, modéstia apartada, inventara sonhos desses que já nem há, só no antigamente, coisa de bradar à terra. Exemplificaria, para melhor crença. Mas nem chegou a começar. O doutor o interrompeu:
— Não tenho tempo, moço, isto aqui não é nenhuma clinica psiquiátrica.
A mãe, em desespero, pediu clemência. O doutor que desse ao menos uma vista de olhos pelo caderninho dos versos. A ver se ali catava o motivo de tão grave distúrbio. Contrafeito, o médico aceitou e guardou o manuscrito na gaveta. A mãe que viesse na próxima semana. E trouxesse o paciente.
Na semana seguinte, foram os últimos a ser atendi dos. O médico, sisudo, taciturneou: o miúdo não teria, por acaso, mais versos? O menino não entendeu.
— Não continuas a escrever?
— Isto que faço não é escrever, doutor. Estou, sim, a viver. Tenho este pedaço de vida — disse, apontando um novo caderninho — quase a meio.
O médico chamou a mãe, à parte. Que aquilo era mais grave do que se poderia pensar. O menino carecia de internamento urgente.
— Não temos dinheiro — fungou a mãe entre soluços.
— Não importa — respondeu o doutor.
Que ele mesmo assumiria as despesas. E que seria ali mesmo, na sua clínica, que o menino seria sujeito a devido tratamento. E assim se procedeu.
Hoje quem visita o consultório raramente encontra o médico. Manhãs e tardes ele se senta num recanto do quarto onde está internado o menino. Quem passa pode escutar a voz pausada do filho do mecânico que vai lendo, verso a verso, o seu próprio coração. E o médico, abreviando silêncios:
— Não pare, meu filho. Continue lendo...
Mia Couto- do livro O fio das Missangas
De que vale ter voz
se só quando não falo é que me entendem?
De que vale acordar
se o que vivo é menos do que o que sonhei?
(VERSOS DO MENINO QUE FAZIA VERSOS)
— Ele escreve versos!
Apontou o filho, como se entregasse criminoso na esquadra. O médico levantou os olhos, por cima das lentes, com o esforço de alpinista em topo de montanha.
— Há antecedentes na família?
— Desculpe doutor?
O médico destrocou-se em tintins. Dona Serafina respondeu que não. O pai da criança, mecânico de nascença e preguiçoso por destino, nunca espreitara uma página. Lia motores, interpretava chaparias. Tratava bem, nunca lhe batera, mas a doçura mais requintada que conseguira tinha sido em noite de núpcias:
— Serafina, você hoje cheira a óleo Castrol.
Ela hoje até se comove com a comparação: perfume de igual qualidade qual outra mulher ousa sequer sonhar? Pobres que fossem esses dias, para ela, tinham sido lua-de-mel. Para ele, não fora senão período de rodagem. O filho fora confeccionado nesses namoros de unha suja, restos de combustível manchando o lençol. E oleosas confissões de amor.
Tudo corria sem mais, a oficina mal dava para o pão e para a escola do miúdo. Mas eis que começaram a aparecer, pelos recantos da casa, papéis rabiscados com versos. O filho confessou, sem pestanejo, a autoria do feito.
— São meus versos, sim.
O pai logo sentenciara: havia que tirar o miúdo da escola. Aquilo era coisa de estudos a mais, perigosos contágios, más companhias. Pois o rapaz, em vez de se lançar no esfrega-refrega com as meninas, se acabrunhava nas penumbras e, pior ainda, escrevia versos. O que se passava: mariquice intelectual? Ou carburador entupido, avarias dessas que a vida do homem se queda em ponto morto?
Dona Serafina defendeu o filho e os estudos. O pai, conformado, exigiu: então, ele que fosse examinado.
— O médico que faça revisão geral, parte mecânica, parte eléctrica.
Queria tudo. Que se afinasse o sangue, calibrasse os pulmões e, sobretudo, lhe espreitassem o nível do óleo na figadeira. Houvesse que pagar por sobressalentes, não importava. O que urgia era pôr cobro àquela vergonha familiar.
Olhos baixos, o médico escutou tudo, sem deixar de escrevinhar num papel. Aviava já a receita para poupança de tempo. Com enfado, o clínico se dirigiu ao menino:
— Dói-te alguma coisa?
—Dói-me a vida, doutor.
O doutor suspendeu a escrita. A resposta, sem dúvida, o surpreendera. Já Dona Serafina aproveitava o momento: Está a ver, doutor? Está ver? O médico voltou a erguer os olhos e a enfrentar o miúdo:
— E o que fazes quando te assaltam essas dores?
— O que melhor sei fazer, excelência.
— E o que é?
— É sonhar.
Serafina voltou à carga e desferiu uma chapada na nuca do filho. Não lembrava o que o pai lhe dissera sobre os sonhos? Que fosse sonhar longe! Mas o filho reagiu: longe, porquê? Perto, o sonho aleijaria alguém? O pai teria, sim, receio de sonho. E riu-se, acarinhando o braço da mãe.
O médico estranhou o miúdo. Custava a crer, visto a idade. Mas o moço, voz tímida, foi-se anunciando. Que ele, modéstia apartada, inventara sonhos desses que já nem há, só no antigamente, coisa de bradar à terra. Exemplificaria, para melhor crença. Mas nem chegou a começar. O doutor o interrompeu:
— Não tenho tempo, moço, isto aqui não é nenhuma clinica psiquiátrica.
A mãe, em desespero, pediu clemência. O doutor que desse ao menos uma vista de olhos pelo caderninho dos versos. A ver se ali catava o motivo de tão grave distúrbio. Contrafeito, o médico aceitou e guardou o manuscrito na gaveta. A mãe que viesse na próxima semana. E trouxesse o paciente.
Na semana seguinte, foram os últimos a ser atendi dos. O médico, sisudo, taciturneou: o miúdo não teria, por acaso, mais versos? O menino não entendeu.
— Não continuas a escrever?
— Isto que faço não é escrever, doutor. Estou, sim, a viver. Tenho este pedaço de vida — disse, apontando um novo caderninho — quase a meio.
O médico chamou a mãe, à parte. Que aquilo era mais grave do que se poderia pensar. O menino carecia de internamento urgente.
— Não temos dinheiro — fungou a mãe entre soluços.
— Não importa — respondeu o doutor.
Que ele mesmo assumiria as despesas. E que seria ali mesmo, na sua clínica, que o menino seria sujeito a devido tratamento. E assim se procedeu.
Hoje quem visita o consultório raramente encontra o médico. Manhãs e tardes ele se senta num recanto do quarto onde está internado o menino. Quem passa pode escutar a voz pausada do filho do mecânico que vai lendo, verso a verso, o seu próprio coração. E o médico, abreviando silêncios:
— Não pare, meu filho. Continue lendo...
Mia Couto- do livro O fio das Missangas
sexta-feira, 24 de agosto de 2012
ouví num espetáculo...
As coisas não são
é o nosso olhar que faz as coisas se encherem de significado...
é o nosso olhar que faz as coisas se encherem de significado...
segunda-feira, 20 de agosto de 2012
terça-feira, 14 de agosto de 2012
"Quem sabe o fim não seja nada, e a estrada seja tudo..."
"E eu quisera ser só seu
Quando o mundo era menor
Mas hoje sei que sou mais eu
Pra melhor ou pra pior
E eu vou seguindo alguns sinais
Que primeiro eu inverti
Mas quando eu puder olhar pra trás
Você vai brilhar ali
Perigo na curva
Proibido parar
Antes de chegar a mim
E a vida absurda
E a terra a girar
Quem escuta o meu sim?
Quem escuta o meu sim?
Quem sabe um dia eu lhe descrevo
Estes círculos que penso
Ao navegar por certos trevos
Em que os sonhos são mais densos
E às vezes alta madrugada
Ficam dúvidas com tudo
Quem sabe o fim não seja nada
E a estrada seja tudo
Perigo na curva
Proibido parar
Antes de chegar a mim
E a vida absurda
E a terra a girar
Quem escuta o meu sim?
Quem escuta o meu sim?"
Marina Lima
O meu sim
terça-feira, 31 de julho de 2012
Giulietta Masina...
"Pálpebras de neblina, pele d'alma
Lágrima negra tinta
Lua, lua, lua
Giuletta Masina
Ah, puta de uma outra esquina
Ah, minha vida sozinha
Ah, tela de luz puríssima
(existirmes a que será que se destina)
Ah, Giuletta Masina
Ah, vídeo de uma outra luz
Pálpebras de neblina, pele d'alma
Giuletta Masina
Aquela cara é o coraçao de Jesus"
Caetano Veloso
sexta-feira, 27 de julho de 2012
"Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser. Que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver."
[Amyr Klink]
quinta-feira, 26 de julho de 2012
" Eu desconheço se já se desenvolveu alguma filosofia por meio da troca de cartas.
Ela deveria partir de uma análise do esperar. Cartas são coisas por que se esperam ou chegam inesperadamente.
Naturalmente, esperar é uma categoria religiosa: significa ter esperança."
Villem Flusser
Museu Nacional dos Correios
Exposição: Correios Um Diálogo com Villem Flusser
domingo, 22 de julho de 2012
quinta-feira, 19 de julho de 2012
Estamira...à beira do mundo...... não há palavras pra dizer dela...ela DIZ...
mexida com essa mulher...
depois do Espetáculo "Estamira" com Dani Barros...
terça-feira, 17 de julho de 2012
Mia Couto....sempre bom...suave...verdade
"A realidade é mais rasteira, feita de peso e de pés na terra.."
Mia Couto
segunda-feira, 2 de julho de 2012
"Eu vivo a sorrir,
eu vivo a sorrir
Pro caso de você virar a esquina
E adentrar a livraria
Pro caso de o acaso estar num bom dia
Pro caso de o destino me haver reservado a alegria
E o meu fado estar fadado a ser a sua sina
Eu vivo a sorrir,
eu vivo a sorrir
Pro caso de você errar a vereda
E acertar o elevador
Pro caso de o acaso estar inspirado
E emaranhar por capricho tempo e espaço
Cruzando as nossas linhas soltas num laço
Eu vivo a sorrir,
eu vivo sorrir
Vai que se materializa o meu sonho dourado
Vai que me espera com boas notícias o inesperado"
Adriana Calcanhoto
segunda-feira, 25 de junho de 2012
E os pontos de ônibus em BSB também são cultura, prosa e poesia...
"Você me faz
Escrever mais,
obsessivamente
como uma louca
A louca das palavras
tantas, tontas, soltas
Ávidas, vertiginosas
Elas me vêm
Excessivas
Mais e mais e mais
Dentro da noite voraz"
Amnares
domingo, 17 de junho de 2012
"a arte é que nos salva da vida..."
mais um fragmento de presente.. de uma nova pessoa querida, Hugo Nunes ...
sexta-feira, 15 de junho de 2012
quinta-feira, 14 de junho de 2012
Novo amigo, Bruno Cabral, e suas divagações sobre a pontuação...
“para mim “aspas“ está mais associada à algo mais estrito...como uma citação literal: por outro lado o etc representa bem uma grande caixa de possibilidades igual um quintal para crianças! Seriam pois antagônicos?
E como fica então, a reticência (...) em nossas vidas?”
E como fica então, a reticência (...) em nossas vidas?”
por Aline... e tenho vivido
"A sedução joga-se sob a base de não saber o que quer o outro, sob a base de possíveis equívocos. Vê-se que a prática da sedução implica dobrar um desejo, fazer com que a outra pessoa se sinta atraída. A meu modo de ver, desaparece cada vez mais a sedução como prática (fundamentalmente falar para conquistar, a famosa cantada ou poesia). Agora, vai-se ao cerne diretamente e de forma impessoal. Por sua vez, a sedução precisa de algum toque pessoal, algo singular. Sabe-se que há formas prototipicamente masculinas e femininas que se vão desaparecendo porque há uma tendência ao unissex. A sedução precisa do que se esconde, do que acontece de passagem, do que não se vê. "
Fábian Naparstek
domingo, 10 de junho de 2012
quinta-feira, 7 de junho de 2012
terça-feira, 5 de junho de 2012
e acontece...
" Aconteceu comigo,
uma estrela me viu cair
e fez o pedido..."
Do espetáculo de teatro "Rivotrio a saga da vida sem bula"
domingo, 3 de junho de 2012
sábado, 2 de junho de 2012
segunda-feira, 28 de maio de 2012
sexta-feira, 18 de maio de 2012
quinta-feira, 17 de maio de 2012
"
Abri aspas em mim...
"As aspas usam-se aos pares: geralmente como dois sinais gráficos no início da parte de texto destacado, e dois sinais gráficos no fim da parte do texto destacado" Wikipedia
aspas traz fragmento, que traz arte, pensamento, sentimento...angústia, alegria, surpresa, susto..o que se quer dizer que alguém disse...que encontramos em algum lugar, num muro da cidade que seja...que te chamou a atenção mas não veio de você..que saltou aos seus olhos...
e fragmentos me saltam...assaltam...
e taí todo o sentido das aspas " sentido meu...
sinto eu..."
quinta-feira, 10 de maio de 2012
terça-feira, 8 de maio de 2012
por Alina...tentemos, sem tapeações...
“Ao persuadir o outro de que ele tem o que pode nos completar, nós nos garantimos de poder continuar a desconhecer precisamente aquilo que nos falta. O circulo da tapeação, enquanto que não nomeado, faz surgir a dimensão do amor.”.
Jacques Lacan
segunda-feira, 7 de maio de 2012
segunda-feira, 30 de abril de 2012
sábado, 28 de abril de 2012
terça-feira, 24 de abril de 2012
Descobertas pelo interior de Goiás...cidade de Goiás Velho...encontro com a poesia de Cora Coralina...delicadeza...
" A poesia andava procurando
uma menina que só tivesse o curso primário
e então perguntou:'Você é a Aninha, a menina feia de Goiás?'
'Sou', respondi.
Ao que ela retrucou: 'então nosso encontro será definitivo'.
Eu não procurei a poesia,
ela que me achou."
Cora Coralina
"Casa de Cora Coralina,
Goiás Velho-Goiás"
uma menina que só tivesse o curso primário
e então perguntou:'Você é a Aninha, a menina feia de Goiás?'
'Sou', respondi.
Ao que ela retrucou: 'então nosso encontro será definitivo'.
Eu não procurei a poesia,
ela que me achou."
Cora Coralina
"Casa de Cora Coralina,
Goiás Velho-Goiás"
domingo, 1 de abril de 2012
e veio a pergunta instigante certo dia pela manhã, martelando na cabeça: Qual o fio do seu desejo?
Buscar num novelo fechado,emaranhado, ou numa malha, trama tecida, tesa, inteira
buscar o fio que a desfaça, desenrole e vá...
seguindo um caminho..
Pode a vida ser esse fio...parodiando-a através dele...desse fio...fio do desejo,
de buscar sentido, caminho,ver onde ele vai..ir com ele..até onde?! vai indo...
O que move? O que faz desembolar, puxar, desfazer essa manha, essa malha, esse novelo de vida
qual seu desejo?
VIVER- VI e VER o que tem por aí, nesse mundo, nessa vida afora...
Qual o seu desejo? O que paralisa, move, Co-move, instiga..
buscas pelo fio...por um fio...
para Lilian
buscar o fio que a desfaça, desenrole e vá...
seguindo um caminho..
Pode a vida ser esse fio...parodiando-a através dele...desse fio...fio do desejo,
de buscar sentido, caminho,ver onde ele vai..ir com ele..até onde?! vai indo...
O que move? O que faz desembolar, puxar, desfazer essa manha, essa malha, esse novelo de vida
qual seu desejo?
VIVER- VI e VER o que tem por aí, nesse mundo, nessa vida afora...
Qual o seu desejo? O que paralisa, move, Co-move, instiga..
buscas pelo fio...por um fio...
para Lilian
quinta-feira, 15 de março de 2012
e Lispector, pra dar uma graça ao ar...o ar de sua graça...
Por Não estarem distraídos
Havia a levíssima embriaguez de andarem juntos, a alegria como quando se sente a garganta um pouco seca e se vê que por admiração se estava de boca entreaberta: eles respiravam de antemão o ar que estava à frente, e ter esta sede era a própria água deles. Andavam por ruas e ruas falando e rindo, falavam e riam para dar matéria peso à levíssima embriaguez que era a alegria da sede deles. Por causa de carros e pessoas, às vezes eles se tocavam, e ao toque - a sede é a graça, mas as águas são uma beleza de escuras - e ao toque brilhava o brilho da água deles, a boca ficando um pouco mais seca de admiração. Como eles admiravam estarem juntos! Até que tudo se transformou em não. Tudo se transformou em não quando eles quiseram essa mesma alegria deles. Então a grande dança dos erros. O cerimonial das palavras desacertadas. Ele procurava e não via, ela não via que ele não vira, ela que, estava ali, no entanto. No entanto ele que estava ali. Tudo errou, e havia a grande poeira das ruas, e quanto mais erravam, mais com aspereza queriam, sem um sorriso. Tudo só porque tinham prestado atenção, só porque não estavam bastante distraídos. Só porque, de súbito exigentes e duros, quiseram ter o que já tinham. Tudo porque quiseram dar um nome; porque quiseram ser, eles que eram. Foram então aprender que, não se estando distraído, o telefone não toca, e é preciso sair de casa para que a carta chegue, e quando o telefone finalmente toca, o deserto da espera já cortou os fios. Tudo, tudo por não estarem mais distraídos.
Havia a levíssima embriaguez de andarem juntos, a alegria como quando se sente a garganta um pouco seca e se vê que por admiração se estava de boca entreaberta: eles respiravam de antemão o ar que estava à frente, e ter esta sede era a própria água deles. Andavam por ruas e ruas falando e rindo, falavam e riam para dar matéria peso à levíssima embriaguez que era a alegria da sede deles. Por causa de carros e pessoas, às vezes eles se tocavam, e ao toque - a sede é a graça, mas as águas são uma beleza de escuras - e ao toque brilhava o brilho da água deles, a boca ficando um pouco mais seca de admiração. Como eles admiravam estarem juntos! Até que tudo se transformou em não. Tudo se transformou em não quando eles quiseram essa mesma alegria deles. Então a grande dança dos erros. O cerimonial das palavras desacertadas. Ele procurava e não via, ela não via que ele não vira, ela que, estava ali, no entanto. No entanto ele que estava ali. Tudo errou, e havia a grande poeira das ruas, e quanto mais erravam, mais com aspereza queriam, sem um sorriso. Tudo só porque tinham prestado atenção, só porque não estavam bastante distraídos. Só porque, de súbito exigentes e duros, quiseram ter o que já tinham. Tudo porque quiseram dar um nome; porque quiseram ser, eles que eram. Foram então aprender que, não se estando distraído, o telefone não toca, e é preciso sair de casa para que a carta chegue, e quando o telefone finalmente toca, o deserto da espera já cortou os fios. Tudo, tudo por não estarem mais distraídos.
segunda-feira, 12 de março de 2012
domingo, 11 de março de 2012
Me descobri aqui, nessa letra...minha verdade
"A música muda você
você muda mais alguém
alguém muda outro alguém
que muda você também
você muda a cada momento
a música muda o tempo
você é um instrumento
a música muda você
pra melhor, pra melhor...
a música muda o corpo
e a dança ajuda a mudança
a música de um outro
desfaz a sua distância
o mundo muda você
os outros te mudam muito
você muda pra crescer
a música muda o mundo
pra melhor, pra melhor...
a música muda o vento
o pé também muda o chão
assim como o pensamento
muda sua sensação
a música muda tudo
e tudo muda você
você é você por que muda
a música ajuda a ser
bem melhor, bem melhor..."
Kaira- em A curva da cintura- Arnaldo Antunes, Edgard Scandurra e Toumani Diabaté
você muda mais alguém
alguém muda outro alguém
que muda você também
você muda a cada momento
a música muda o tempo
você é um instrumento
a música muda você
pra melhor, pra melhor...
a música muda o corpo
e a dança ajuda a mudança
a música de um outro
desfaz a sua distância
o mundo muda você
os outros te mudam muito
você muda pra crescer
a música muda o mundo
pra melhor, pra melhor...
a música muda o vento
o pé também muda o chão
assim como o pensamento
muda sua sensação
a música muda tudo
e tudo muda você
você é você por que muda
a música ajuda a ser
bem melhor, bem melhor..."
Kaira- em A curva da cintura- Arnaldo Antunes, Edgard Scandurra e Toumani Diabaté
sexta-feira, 9 de março de 2012
Calejada. . .
E não é mais a mesma dor...é outra, transformada, mais inteira, de lágrimas e verdades...
é uma dor mais sincera, sem desesperos nem devaneios.... Uma dor mais consciente do fim...
dor mais bonita, pode-se dizer....que se encara de frente, crua... dor que tem buscado o entendimento do tudo vivido...não foge, vive.
Calejou-se
e não mais...
E não é mais a mesma dor...é outra, transformada, mais inteira, de lágrimas e verdades...
é uma dor mais sincera, sem desesperos nem devaneios.... Uma dor mais consciente do fim...
dor mais bonita, pode-se dizer....que se encara de frente, crua... dor que tem buscado o entendimento do tudo vivido...não foge, vive.
Calejou-se
e não mais...
terça-feira, 6 de março de 2012
O Que Se Quer
Vá
Pode falar
Pode escrever
Eu vou me entregar
No meu lugar
Quem não faria
Diz que é loucura
Diz que é besteira
Mas eu não vou ligar
Não tente entender
E o tempo dirá
A sina é sonhar
Eu pago pra ver
Qual meu lugar
Que a vida é um dia
Um dia sem culpa
Um dia que passa
Aonde a gente está
Mas se eu tenho tanto a perder
Eu perco é o medo
Do que a sorte lê
Sabe que quer
Sabe quem tem
O que se quer
Marisa Monte
Vá
Pode falar
Pode escrever
Eu vou me entregar
No meu lugar
Quem não faria
Diz que é loucura
Diz que é besteira
Mas eu não vou ligar
Não tente entender
E o tempo dirá
A sina é sonhar
Eu pago pra ver
Qual meu lugar
Que a vida é um dia
Um dia sem culpa
Um dia que passa
Aonde a gente está
Mas se eu tenho tanto a perder
Eu perco é o medo
Do que a sorte lê
Sabe que quer
Sabe quem tem
O que se quer
Marisa Monte
sexta-feira, 2 de março de 2012
Adoro...
Surdos de Escola de Samba
Wado
Os surdos das escolas de samba expandem o grave do coração.
Os cegos das escolas de braile esfregam os dedos noutra canção.
Um doce de amor aos pedaços: abacaxi, canela e limão.
Encontram na boca o espaço ao que se presta a sua função.
É lindo. Vai derreter.
Os mudos das escolas de canto esgoelam-se em mais um refrão.
Os mancos das escolas de baile dançam até gastar o chão.
Eu mudo sem os pés nos tamancos
Absurdo com as canelas no céu
Aberto nas janelas do peito
Me aperto nesse abraço seu
Wado
Os surdos das escolas de samba expandem o grave do coração.
Os cegos das escolas de braile esfregam os dedos noutra canção.
Um doce de amor aos pedaços: abacaxi, canela e limão.
Encontram na boca o espaço ao que se presta a sua função.
É lindo. Vai derreter.
Os mudos das escolas de canto esgoelam-se em mais um refrão.
Os mancos das escolas de baile dançam até gastar o chão.
Eu mudo sem os pés nos tamancos
Absurdo com as canelas no céu
Aberto nas janelas do peito
Me aperto nesse abraço seu
sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012
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